Presidente do Sindicado das Indústrias de Laticínios de Minas Gerais não espera queda brusca no preço pago pelo litro de leite ao produtor
Apesar das dificuldades enfrentadas pelo setor devido à Covid-19, o presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios de Minas Gerais, José Antônio Bernardes, não espera uma queda brusca no preço pago pelo litro do leite ao produtor e nem uma paralisação na captação dos laticínios. “Até o momento não está tendo uma crise de produção. Há casos específicos em função da produção das indústrias regionais. O queijo sofreu um primeiro impacto, mas o leite foi absorvido de outras formas por outras cadeias produtivas”, disse.
De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg), o ano de 2020 começou favorável para a pecuária leiteira, com preços mais elevados, em função de uma redução da oferta do produto. Para o analista de agronegócios da Faemg, Wallison Lara, com a pandemia, houve uma busca maior nos supermercados por produtos com mais durabilidade, como o leite longa vida, o que gera concorrência entre os laticínios pela captação do leite junto ao produtor. “Não há receio de desabastecimento no atacado ou no varejo, pois as indústrias de pequeno e médio porte estão fazendo essa captação local”, disse o analista.
O pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho, diz que ainda é muito cedo para saber quais os reais impactos no valor pago pelo litro de leite ao produtor. No cenário atual, segundo ele, é possível que esse valor não sofra grandes variações. Isto porque a atividade está entrando no período de entressafra e a oferta de leite nacional ou importado no mercado é baixa. “Por enquanto, o mercado de leite em pó e UHT está dando uma segurada. Já o leite spot, aquele comercializado entre as empresas, está recuando. Essa é a grande preocupação, pois é este valor que tem maiores reflexos no valor pago ao produtor”, afirma.
Buscando garantir o abastecimento à população, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou que os estabelecimentos sob inspeção federal recebam leite a granel ou de uso industrial de estabelecimentos com inspeção municipal ou estadual. “É uma notícia importante. Dessa forma, os laticínios de menor porte, distribuídos em diversas regiões do estado, que possuam inspeção municipal ou estadual, poderão manter as suas atividades”, ressalta o diretor técnico da Emater-MG, Feliciano Nogueira.
A pecuária leiteira está entre as principais atividades agropecuárias de Minas Gerais. O estado é o maior produtor nacional de leite. Em 2018, segundo dados da Secretaria de Estado da Agricultura, pecuária e Abastecimento (Seapa), os pecuaristas mineiros produziram 8,9 bilhões de litros.
Fonte: Milkpoint